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segunda-feira, 2 de julho de 2012

Chefe dos espiões alemães 'obrigado' a demitir-se

Destruição de provas contra neonazis está na origem da saída de Heinz Fromm dos serviços secretos da Alemanha.

O chefe dos serviços secretos internos alemães - Verfassungsschutz - viu hoje aceite o seu pedido de demissão apresentado ao ministro federal do Interior, Hans-Peter Friedrich.
Heinz Fromm, que ocupava o cargo desde 2000, era há algum tempo objeto de críticas ao modo como conduziu a investigação às atividades de uma célula do grupo neo-nazi conhecido pela sigla NSU (Nationalsozialisticher Untergrund, nacional-socialistas na clandestinidade).
A agência noticiosa alemã DPA adiantou que Fromm tinha posto o cargo à disposição ainda no final do mês do mês passado.

Ataques terroristas


Desde quarta-feira 27 de junho que Fromm era objeto de pressão, quando se descobriu que elementos da sua agência tinham destruído documentos referentes à célula Zwickau (nome da cidade onde operava) da NSU, cujos elementos, em fuga há mais de dez anos, foram responsáveis por nove atentados mortais a empresários estrangeiros residentes no país (turcos e gregos).
A célula foi descoberta em novembro de 2011 na sequência de um assalto falhado que permitiu à polícia descobrir um dos esconderijos da célula. Os sete ficheiros que foram destruídos continham detalhes sobre uma operação secreta levada a cabo contra a Sociedade de Proteção da Turíngia, um grupo de extrema direita que esteve na origem da NSU.
Os documentos foram destruídos em Colónia, em novembro de 2011, e a polícia alemã ainda alegou, imediatamente a seguir, que eles tinham sido eliminados de acordo com os procedimentos de rotina policial, o que não era o caso, de acordo com o "SpiegelOnline". A destruição seguiu-se ao momento em que se tornou evidente que os neonazis tinham sido responsáveis pelos crimes cometidos entre 2000 e 2007.

Perda de confiança


O sítio do "Spiegel" publicou hoje uma declaração de Fromm anterior à sua demissão em que o chefe dos serviços de segurança admitia ter sido cometida uma série de erros relativamente aos documentos destruídos: "O facto causou uma profunda perda de confiança e prejudicou seriamente a reputação do gabinete".
As autoridades aconselharam uma revisão organizacional da Verfassungsschutz com o objetivo de melhorar a cooperação regional e nacional dos serviços, de acordo com o "SpiegelOnline".
Heinz Fromm é o responsável com cargo mais alto na hierarquia da organização que já tinha assistido, em janeiro, à demissão do chefe do departamento de combate ao extremismo de direita, Artur Hertiwig. 


Cristina Peres (www.expresso.pt)
13:46 Segunda feira, 2 de julho de 2012